quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Perdendo Por Três e Cantando



Aquilo que muitos parecem não conseguir entender é a emoção profunda que vive nas gargantas dos adeptos enquanto declaram o seu amor ao Clube pelo qual cantam.

O amor a um clube não existe só na glória, um amor a um clube vai muito além dos seus dirigentes, treinadores e jogadores; vai muito além do Futebol e das Modalidades; vai muito além das exibições e dos resultados.

O Clube vai muito além de tudo o que o compõe e o que nele acontece. Todo o simbolismo que o compõe é o que desperta tal sentimento nos adeptos.

Um coro de vozes grita em uníssono o seu amor ao Benfica. Uns e outros superficializam com teorias:

"Os adeptos estão a reconhecer o excelente trabalho que a direcção tem feito."

"Os adeptos estão a afirmar o seu apoio ao treinador."

"Os adeptos estão a puxar pelos jogadores."

"Os adeptos estão a desculpabilizar o que se passa no relavado."

"Os adeptos estão com vitórias morais."

E eu espantado afino a garganta e expludo o coração enquanto me admiro com a cegueira surda de quem nos ouve.

"Eu amo o Benfica"

"Tu és o meu amor, o amor da minha vida."

Serão todos surdos? Não interessa. Porque não cantamos para os outros ouvirem, cantamos para o Benfica porque vivemos o Benfica.

Há outros que cantam o seu amor por outros clubes. Talvez tenham a sorte de serem ouvidos por quem percebe a sua expressão. Talvez quem os oiça partilhe dessa mesma profunda emoção.

Os adeptos não querem a gratidão daqueles que os representam nos relvados. Não, os adeptos querem é que eles partilhem dos sentimentos das bancadas, aquele amor imenso e inexplicável que veste de vermelho.

Os primeiros a afirmar que o Clube é os seus adeptos são também os primeiros a tentar comercializar o benfiquismo. Não percebem que a força dos adeptos não é o seu poder de compra mas sim a sua capacidade de oferta. E assim diminuem a verdadeira paixão a momentos de marketing que limitam aquele sentimento mais ilimitado que existe.

Depois questionam-se. Questionam-se sobre a impossibilidade de recuperar de um 0-3 ao intervalo, sobre a dificuldade de reentrar no jogo, sobre a normalidade que é ir cada vez mais abaixo.

Como alguém me disse “Raros são os treinadores que a perder por 3 ao intervalo conseguiriam entrar melhor e não pior no segundo tempo.”

E assim vão aceitando cepticamente a normalidade da anormalidade que é ver tanto alheamento ao símbolo que se carrega ao peito.

Quem não entende isto também não terá como entender o Fenómeno Red de 2005.


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