quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Os nossos rivais II

Jorge Mendes, é este o nome chave da nova época do Futebol Clube do Porto. Após alguns anos de maior afastamento e de maior poder de Antero Henrique na estrutura do clube, tendo-se verificado uma clara perda de qualidade dos últimos planteis portistas, culminando num annus horribilis, o Porto decidiu por uma inversão de caminho desportivo tendo em Jorge Mendes o seu maior parceiro e aliado.

Ao agente FIFA Português foi dada (quase) total liberdade na escolha de treinador e plantel para a época que agora inicia, obviamente seguindo as linhas mestras ditadas pelo clube, para que se contrarie de forma inequívoca o tão falado, quanto precipitado, anuncio de fim de ciclo azul e branco.

Quer queiramos, quer não, a resposta do FCP ao sucesso interno esmagador do Benfica, em termos de mercado de transferências, tem sido fortíssima, com aquisições de qualidade individual inegável e em quantidade abundante.

Tão forte aposta envolve os seus riscos. Risco na gestão de tantos egos num quadro competitivo médio (competições internas pouco competitivas e sem um grande numero de jogos), mas também do ponto e vista económico. Se é verdade que as vendas de jogadores podem compensar ou, pelo menos, atenuar o forte investimento na aquisição de novos atletas, não será menos verdade que a folha salarial deste plantel deverá ser elevadíssima, isto quando o clube não tem garantido o acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões.

Isto vale por dizer que Lopetegui tem já um teste de fogo marcado para o final do corrente mês e frente a um adversário minimamente competente. Para uma eliminação nesta fase, bastará um jogo menos conseguido dos dragões, ficando por aqui bem evidente o risco a que se expôs o clube.

Passando para as quatro linhas, tenho uma má noticia para os detratores de Vítor Pereira e do seu futebol: As bases lançadas por Lopetegui para o novo Porto são em tudo semelhantes às ideias preconizadas pelo técnico Português. Ou seja, uma ideia de controlo do jogo, dos seus ritmos e adversário, através de uma posse de bola segura e pouco dada a exposições de risco defensivo no momento da sua perda. Entre aquilo que se perspetiva ser o jogo de Lopetegui e o que foi de Vítor Pereira só vislumbro uma grande diferença: Os interpretes. Enquanto o técnico Espanhol conta com praticamente 2 jogadores por posição,Vítor Pereira viu-se apenas com 12/13 jogadores. Há também a notar uma ideia diferente daquilo que se quer para o 6 do 11 do Espanhol. Procura-se um jogador que seja mais capaz de chegar a zonas de remate e com melhor capacidade de passe em profundidade e em largura, com mutações rápidas de flanco.

O futebol apresentado nesta pré-época tem sido consistente, mas ainda me parece demasiado lento em zonas adiantadas do terreno, aspeto que facilita a tarefa de quem defende. Há ainda a verificar uma fraca capacidade de finalizar as jogadas quando a equipa se apresenta sem Jackson. Sem o Colombiano o futebol portista tem-se revelado demasiado redondo e pouco objetivo e daqui nasce a imperiosa necessidade de manter Jackson no plantel.

O grande problema deste plantel é que não tem qualquer alternativa o ponta-de-lança sul-americano, e quando falo em alternativa não falo de alguém de valia semelhante, porque isso é coisa difícil de se conseguir, falo apenas e tão só de um jogador com características similares, alguém que ocupe as mesmas zonas do terreno e o faça sensivelmente da mesma forma, expondo assim a equipa a uma dependência exagerada de um único jogador que, embora seja pouco habitual em Jackson, estará sempre exposto a uma lesão, um castigo ou tão só ao desgaste inerente de ser solução única para uma época inteira.

Dos reforços há a destacar positivamente Oliver que ainda é um menino, mas tem muito futebol nos pés. Tem muito para aprender, mas também já sabe o suficiente para ser o primeiro maestro da equipa e Rúben Neves, saiba o clube e treinador fazer com o ele o que nós não temos sabido fazer com os nossos e temos craque.

Negativamente destaco Adrián. Como ponta-de-lança fica perdido no meio dos centrais adversários, não dando apoios frontais, não sendo sequer bom a segurar a bola esperando pela subida da equipa, e tem enormes dificuldades para romper com bola em zonas interiores por não ser (nunca foi) um elemento com a capacidade técnica necessária para tal. Para as alas, havendo Tello e Quaresma, não vejo que Adrián seja melhor que algum destes. Ou seja, dar os anunciados 11M€ por 60% do passe de um jogador que não seja um titular absoluto, parece-me um erro absurdo. E será outro que não deverá ter um salário modesto.


No plano interno, o FCP é claramente o clube com melhor plantel dos três candidatos ao titulo. Naturalmente, e face ao investimento não poderia ser de outra forma, o FCP parte para esta época com o objetivo de conquistar todas as provas internas, mas também de reconquistar algum prestigio internacional, onde as campanhas desde a vitória de Vilas Boas têm sido desoladoras.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro José Moreira,

Objectivamente e á data de hoje, o FC Porto de atletas que foram titulares, perdeu 5:
Helton (por lesão), Mangala, Fernando, Defour (titular relativo) e Varela . Não se contemplam as saídas em Janeiro de Otamendi e Lucho, tal como no Benfica Matic. Eventualmente, e porque são fundamentais os encaixes, Danilo até final do mês poderá ser vendido, tal como Quintero (este não era titular, nem terá esse estatuto esta temporada)

Se o FC Porto perde 5 titulares, contrata titulares absolutos e de qualidade, como Martins Indy, Casemiro, Oliver, Brahimi ou Tello, entre outros, Adrian suspeito que será fundamental a sair do banco, nos poucos jogos que o FC Porto poderá jogar em contra-golpe, como por exemplo em Lille.

O FC Porto na temporada anterior, fez das piores temporadas dos ultimos 20 anos, e com um plantel sem qualidade, e agora está a alimentar-se de qualidade indiscutivel, há sempre a incógnita de Lopetegui, mas os sinais são positivos. Depois, após uma temporada pessima, é mandatório demolir e reconstruir.

Subscrevo, este Porto será um Porto em modo V Pereira mas com mais opções e de qualidade.

O Benfica, relativamente aos titulares da temporada passada, perde 6 titulares: Oblak, Garay, Siqueira, Fejsa (lesao), Markovic e Rodrigo,

Em equipa que ganhou quase tudo, mexe-se muito, e não creio que as saídas fiquem por aqui. Entradas que possam fazer a diferença? Vislumbro poucas: Eliseu, e aguarda-se a confirmação de Talisca, Bebe e Derley.

A unica vantagem que se identifica no Benfica, a qualidade técnico-táctica de Jesus, e ainda a capacidade de JJ de reinventar e potenciar, e ainda o seu conhecimento do Futebol Português, aliado à eventualmente da entrada de 3/4 reforços que possam mesmo fazer a diferença.

A pole position que era conferida ao Sporting, pela estabilidade, e manutenção da equipa, foi entretanto perdida, pelos motins e sangria que se avizinham nas próximas 2 semanas em Alvalade. Como observador, Benfica como Campeão, e FC Porto porque se reforçou, recuperam ambos a pole position!

André Nolan

José Moreira disse...

Na questão do favoritismo estamos completamente de acordo André, sendo que, mesmo com Rojo e Slimani, não cosiderava o Sporting como verdadeiro candidato ao titulo. Só o é por palavras do seu presidente, não por plantel.